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 03dez 

Texto contemplado com 1º Lugar em Poesia

 

Membrana

Ivan Ferraz Lemke

Minha tarde é um cachorro na sombra

E olhos molhados pelo asfalto onduloso

É uma montanha levantando o braço

Poeira alcançando o branco, cor-camaleão.

De flores cultivadas

Em meus vasos sanguíneos

Vem meu sopro de vida

Que se debanda no ocaso

Bebido com o vento pelas franjas últimas do sol

Sobretudo, o andar é entre pedras e restos maiores

Donde o lábio não regressa, senão, por secura

E a íris, por cegueira.

Donde a voz é tão-somente lastro

E existir: vã guarda.

Os apertos de mão são por entre muros

E mostrar os dentes não significa sorriso.

Das hemorragias restou-me apenas o sangue venenoso

Mas a pele evita que as moscas alcancem meu podre.

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