Abobrinha, só no ensopado
Texto: Guilherme Diefenthaeler
Fonte: ANotícia
Erro recorrente em clientes de assessorias de imprensa é o de não compreender direito o papel dessas estruturas, enxergando nelas um meio mais barato de fazer publicidade. Fazer publicidade, no sentido de tornar pública alguma coisa, talvez seja, sim, uma expressão que aproxime (em parte, apenas) os assessores de imprensa e os primos publicitários. Uma distinção essencial, contudo, está na forma utilizada para levar seja lá o que for ao conhecimento geral. Enquanto os publicitários selecionam espaços comerciais (pagos, por conseguinte) e montam estratégias baseadas na veiculação de anúncios reconhecidos como tais pelo leitor/internauta/ouvinte/telespectador, os assessores de imprensa têm o parâmetro da relevância jornalística como filtro para o que irão divulgar.
Embora atuem com a chamada mídia espontânea – o jornal ou a revista que receberem a informação remetida pela assessoria não vão (ou não deveriam) cobrar para veiculá-la –, nem por isso podem subestimar a inteligência alheia partindo do princípio de que qualquer abobrinha é válida, sem o devido cuidado na seleção e apuração dos detalhes sobre o tema que planejam trabalhar.
O texto produzido pela assessoria, batizado de press-release, no jargão da área, deve ser escrito com o mesmo rigor jornalístico de uma boa matéria, levando em conta critérios como interesse público, proximidade e universalidade, que, aliás, devem nortear qualquer tipo de notícia. Assuntos miúdos, paroquiais, que visam apenas a agradar ao cliente, não têm lugar na pauta desse profissional. O que credencia uma boa assessoria é, justamente, a qualidade da informação que fornece, preferencialmente associada a “fontes” disponíveis para fazer esclarecimentos adicionais ao jornalista. Por outro lado, o que tira a assessoria de vez da lista de contatos do jornalista é a tentativa vã de inflar banalidades, imaginando que seja possível travesti-las de fato jornalístico com manipulações sutis aqui e acolá. Cabe ao profissional de assessoria de imprensa repassar esse viés para dentro da organização que assessora – e deixar as abobrinhas para um bom ensopado.
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