Menu

Blog

 07jan 

As alavancas da nova postura comunicacional

 

[Mais um pedaço da monografia sobre Jornalismo Empresarial que estou produzindo para a pós-graduação do Sustentare. Guilherme]

Entes sociais por definição, as empresas atravessam uma onda de transformações sem paralelo. A gestão corporativa aboliu os apertadores de parafuso que foram emblemas de uma longa fase da industrialização global, na qual o encargo do operário se limitava à repetição mecanizada de dois ou três movimentos, em imagem celebrizada pelo filme “Tempos Modernos”, de Charles Chaplin. Não há mais lugar na fábrica para pessoas desprovidas de senso crítico, tarefeiros que não compreendam seu papel (relevante) no contexto das organizações e não interajam com colegas, superiores ou subordinados por meio dos inúmeros instrumentos de administração participativa adotados em empresas de qualquer porte. 

Nesse panorama, de nada adianta manter parques industriais ultramodernos se não se souber lidar com o ser humano que comanda as máquinas ali instaladas. “O único recurso que pode constituir um diferencial no mercado de hoje (…) é a capacidade das pessoas. É na alocação desses recursos humanos que estão as oportunidades e os desafios para o futuro”, prescreve Frank Corrado, em “A Força da Comunicação” (Makron Books, 1993, p. 43).

Ao lado da busca de maior produtividade, a necessidade de se estabelecer uma “comunicação eficiente” com os empregados é questão prioritária no campo dos recursos humanos, “vista como meio (…) para proporcionar um entendimento das metas organizacionais”, segundo Corrado (p. 44). O pressuposto vale para organizações que conseguiram abandonar o “modelo autoritário”, “característico das empresas de crescimento mais lento”, que se comportariam de maneira arbitrária e inflexível, negando informações aos subordinados e fechando a porta para as comunicações ascendentes, de acordo com Corrado (p. 45/46).

Pela visão do autor, o antigo modelo estaria sendo substituído por experiências baseadas no modelo japonês de gestão, de cunho participativo, e que, entre outros aspectos, enxugou os níveis hierárquicos, compartilhando a tomada de decisões com os funcionários da base da pirâmide. “Agora, o desafio é preparar esses empregados para um ambiente de trabalho menos estável, motivá-los a encontrar satisfação no trabalho, com um salário mais realista, e a ter mais comunicação face a face.”

A transição para o modelo contemporâneo de gestão corporativa vem acompanhada por uma torrente de mudanças sociais, políticas e econômicas que, notadamente, interferem nas práticas comunicacionais. Margarida Kunsch (“Planejamento de Relações Públicas na Comunicação Integrada”, 3ª edição, 2002) afirma que esse é um processo embrionário nas empresas brasileiras. Em grande parte delas, conforme Kunsch,”o capitalismo individualista [ainda] é o predominante” e “não se cultivam os valores comunitários”. A autora sublinha que a compreensão desse cenário é vital, caso se deseje implementar uma “comunicação interna participativa e de coerência entre o discurso e a prática”, argumentando que não adianta desenvolver “programas maravilhosos de comunicação” sem, antes, respeitar os direitos básicos do funcionário como “público número um” da organização. 

Comentários (0)