Ética ao vivo
Essa é para quem nunca viu uma demonstração de ética ao vivo.
Essa é para quem nunca viu uma demonstração de ética ao vivo.
*Texto retirado do site Terra
O Jornal do Brasil, conhecido como JB, um dos mais tradicionais do País, com 119 anos de história, circulou hoje pela última vez em edição imprensa devido a sua grave crise financeira e a partir de amanhã só estará disponível na internet para assinantes. Nesta edição de 31 de agosto, que se esgotou rapidamente nas bancas, o Jornal do Brasilanunciou na primeira página que na sua primeira edição exclusivamente digital trará um artigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O jornal acrescentou que a passagem do papel para o formato digital foi apresentado na semana passada ao secretário de Comunicação Social da Presidência, Franklin Martins, quem considerou o processo natural.
“Há alguns anos pensava diferente. Não sabemos exatamente como será o futuro, mas acredito que, em 25 anos, mais ou menos, todos os jornais abandonarão o papel e vão se transferir para o meio digital”, afirmou Martins. O fim da edição impressa fecha um ciclo do jornal que chegou a ser um dos mais influentes do Brasil, com destaque para a postura como um dos mais firmes defensores da democracia durante o regime militar (1964-1985). Apesar da direção da publicação afirmar que a transferência é um processo natural na era digital e atende à necessidade de reduzir o impacto ecológico da produção de papel, o certo é que o jornal perdeu milhares de assinantes nos últimos anos em meio de uma grave crise financeira.
A direção alegou igualmente que sempre foi pioneiro e que foi o primeiro do Brasil a ter um site, já que sua edição online existe desde 1995.
Fundado em 1891 por monárquicos após a proclamação da República, o JB chegou a vender 150 mil exemplares em seus melhores tempos, mas em suas últimas semanas de circulação impressa teve tiragem de 21 mil. Em seu site, o jornal divulgou hoje uma lista com 50 argumentos para justificar a mudança à edição digital, entre os quais não menciona problemas econômicos eda da circulação.
“Os custos econômicos e ambientais do papel são insustentáveis. São inclusive desnecessários. No primeiro ano da versão digital as áreas florestais preservadas corresponderão a 1,2 mil (estádios) Maracanãs”,afirmou o Jornal do Brasil, que calcula que em cada edição dominical impressa sacrifica 200 árvores, 10 mil litros de água e 40 megawatts de energia.
Como detalhou a publicação, a decisão de mudar de formato foi “fruto de uma análise responsável da imprensa escrita no mundo” e também de um estudo que o JB fez. Os argumentos não convenceram alguns ex-empregados e leitores do jornal que programaram para hoje mesmo duas manifestações contra a decisão.
Escrever crônicas parece uma tarefa fácil, no entanto, é comum ficar com aquela dúvida: será que o texto que escrevi é crônica?
Fabrício Carpinejar que contabiliza 19 livros publicados e um prêmio Jabuti por “Canalha”, falou um pouco sobre as características da crônica.
A entrevista completa pode ser encontrada no site do jornal Gazeta do Povo, de Curitiba, no link: www.gazetadopovo.com.br/m/conteudo.phtml?tl=1&id=1017520&tit=Meu-raciocinio-e-torto
Uma boa crônica parece sempre ser íntima na medida certa. O cronista se expõe o suficiente para deixar o leitor entrever o homem além do escritor. Essa é uma das coisas mais marcantes nas suas crônicas: a intimidade que consegue criar. Ela é calculada?
CARPINEJAR – Sem intimidade, não é crônica. Quem quiser esconder suas manias e gostos e ser impessoal, deve escolher o ensaio. Todo escritor começa escrevendo para se proteger, depois seu maior trabalho é escrever para destruir suas defesas.
Crônica é fraqueza, conversa, essas miudezas que decidem nosso temperamento. Não há medida certa, sei que posso desagradar meus pais, namorada, filhos, que não vão tolerar que conte certas indiscrições. Mas não escrevo para ter medo, escrevo porque o medo não é maior do que a minha vontade de me aceitar. Existe uma censura familiar que não permite a simplicidade. Meus amigos sabem que serão difamados – só faço biografia não-autorizada.
Há um limite para o que está disposto a escancarar nas suas crônicas ou qualquer experiência pode servir de ponto de partida para um texto?
CARPINEJAR - O limite é literário: não aceitar o clichê, desconfiar das aparências, despertar sutilezas, dar uma segunda chance para a rotina.
Pode ser um furinho na camisa de uma mulher. Pode ser meu hábito de largar a xícara de café no parapeito da varanda, como balde para a chuva. É compreender que um olhar é futuramente nostálgico, estou comparando o que fui com o que sou. Meu passado pode ser modificado em qualquer instante. O cronista não recebe visitas, ele visita sua própria vida.
Quais são as principais qualidades de uma crônica?
CARPINEJAR - Autocrítica e humor. O humor derruba a desconfiança para a poesia entrar. O drama faz com que as pessoas se fechem e sejam avarentas com suas emoções. A piada humaniza. O riso é tão-somente um vento chorando.
Para ler mais de Carpinejar:
Ana Luiza Abdala José, estudante de Jornalismo do Ielusc, em relato a partir do filme “O Escafandro e a Borboleta”
Um jornalista pode ter talento, mas ele não exerce bem sua função se não for um bom observador e não souber usar a memória. Para escrever, não basta ter mãos. É preciso muito mais que isso. Primeiramente, é preciso observar o mundo com outros olhos, observar um mundo que os outros não conseguem ver.
Para escrever, são necessários dedicação e inspiração. Inspiração essa que alguns têm ao ouvir música, ao ler um livro ou um jornal, ao ver um filme. Para alguns, é preciso passar por uma situação difícil para querer colocar as emoções no papel.
Como no filme, algumas pessoas só passam a enxergar um mundo diferente quando não podem mais fazer parte de seu próprio mundo. É a partir daí que podem surgir muitas novas ideias. Mas, como dito no filme, “um texto não existe até que seja lido”. Não adianta escrever ótimos textos e mantê-los em segredo. A magia da escrita está justamente nessa conexão com o leitor.
Emoções podem ser transformadas em palavras, fatos do cotidiano podem virar textos, mas se não forem lidos será como se não existissem, como se fossem relatos seus para você mesmo. Seria o mesmo que escrever uma música e não ter ninguém para ouvi-la, produzir um filme e não ter ninguém para vê-lo.
Um jornalista quer escrever tudo o que vê, sempre que puder. E, para ser um jornalista completo, precisa de alguém para ler o que escreve. E o jornalista tem que fazer o possível para se conectar com o leitor. Até porque, o que seriam dos jornalistas sem os leitores?
Emanoele Girardi, estudante de Jornalismo do Ielusc
O jornalismo impresso ainda tem esperanças de sobreviver numa época em que a internet está muito à frente quanto à instantaneidade. Um dos grandes problemas do jornalismo diário reside no fato de que muitos desses veículos de informação têm uma ideia fechada e errônea sobre a profissão. No Brasil, por exemplo, dificilmente são vistos jornais que façam matérias mais elaboradas, com profundidade e humanização. A preocupação principal é o factual. Tudo porque não se percebe que matérias humanizadas conquistam mais leitores do que simplesmente a narrativa dos fatos que já foram explorados por outras mídias.
Os jornais têm que desenvolver cada vez mais habilidades para que os jornalistas mereçam esse nome, honrem a profissão. Se for para reunir informações que a internet publicou no mesmo minuto do ocorrido, realmente não é preciso ser um jornalista. É necessário olhar para frente e para dentro, buscar sempre instigar o leitor, encorajá-lo a ler.
Ainda é pouco, mas o novo jornalismo está buscando a humanização, o envolvimento dos leitores, as “histórias bem-contadas”, essas que realmente fazem a diferença na vida de quem as lê e na de quem as escreve. A tentativa de acrescentar reportagens mais longas nas publicações diárias é, além de uma forma de valorizar boas histórias, entender que o que o jornal precisa são boas leituras, aquelas que o jornalista tem que correr atrás das pessoas, como diria Gay Talese, “sujar os sapatos” para descobrir, entender, aprender e repassar. O mundo está cheio de boas histórias para ser descobertas ou desenvolvidas.