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Arquivo da Categoria  Jornalismo

25mai

Prêmio Aberje tem inscrições prorrogadas

Ainda dá tempo de participar da 36ª edição do Prêmio Aberje. As inscrições foram prorrogadas até o dia 31 de maio. As categorias que compõe o Prêmio são: Gestão de Comunicação e Relacionamento, Mídias e Pequenas e Médias Organizações. O objetivo do evento é prestigiar e reconhecer as empresas que são destaque no segmento de jornalismo empresarial.
O primeiro encontro, que aconteceu em outubro de 1967, na cidade de São Paulo, teve a participação de 80 editores e 54 publicações. Uma das pessoas que esteve presente na banca de jurados foi Victor Civitta, fundador da Editora Abril. Para mais informações sobre o Prêmio, basta acessar www.premioaberje.com.br.

16fev

Afinal, por que você escreve?

(Entender o que nos move, nós, os escribas, é ponto de partida para crescermos na arte de escrever melhor, com mais foco e fundamento, Por que você escreve?, perguntamos aos alunos recém-entrados na disciplina de Redação Jornalística 3. As respostas vão ser publicadas neste blog. Abaixo, a da Mayara Francine Silva.)

Posso simplesmente dizer que, quando escrevo, minha alma se encontra na ponta dos dedos. Muitas vezes não parece ter saído de mim aquilo que transcrevo. É como se minhas mãos tomassem vida própria e saíssem em busca de um papel, um teclado, um lápis, uma caneta, qualquer lugar mais perto para transmitir o que penso naquele exato momento. Minha inspiração vem a qualquer hora, em qualquer lugar, de qualquer jeito. A cada linha nova que escrevo, me conheço um pouco mais. A palavra escrita é minha forma de dizer ao mundo que estou aqui, estou vendo, estou sentindo, estou presenciando, estou viva!

Com vontade extrema de contar histórias, e alma observadora de futura jornalista, alego que a escrita é o meu mal e o meu bem. Meu mal, porque se fosse possível contava tudo aquilo que vejo, seja bom ou ruim, sem medir palavras nem medo de magoar ou ferir alguém. E meu bem, porque além da paixão que devoto a ela, alego que se não existisse a escrita em minha vida eu não estaria mais respirando.

09fev

Sobre o olhar do repórter…

…umas coisas que gostaria de compartilhar com a turma de Redação 3 do Ielusc, esta noite, quando recomeça o semestre na faculdade (Guilherme):

- repórter tem que treinar o olhar pra enxergar longe, ou diferente, da “visão convencional” e das perspectivas que lhe são apresentadas (por fontes em geral, pelo senso comum etc.);
- por outra, tem que aguçar a vista pra divisar uma realidade determinada em meio a tantos e tão diversos pontos de vista;
- precisa escolher seus “óculos” com todo o cuidado, pra que certas coisas não passem batido na pressa do cotidiano e dos fechamentos;
- além dos olhos, claro, tem que usar a cabeça e refletir sobre o que viu antes de transformar dados em matéria jornalística;
- aos poucos, vale até testar uma dose de “raio-x” pra que seu olhar atravesse o que outros tentam esconder;
- jamais, em tempo algum, pode fazer vista grossa – para o que trair a cidadania e o interesse público;
- deve, enfim,  empenhar-se para se tornar “olhos e ouvidos remotos” da população “comum”, representando-a em instâncias e ambientes aos quais nem sempre tem acesso (como recomenda Nilson Lage).

19jan

Jornalistas não são pedras

Por Leticia Nunes. (Publicado no Observatório da Imprensa em 19/1/2010)

É enorme a chance de um jornalista que cobre um desastre como o do Haiti sentir-se impelido a ajudar as vítimas que agonizam à sua frente. Sua missão de testemunhar e reportar um fato com isenção, de ser uma figura neutra, de respeitar a ética da profissão, perde-se em questão de segundos diante da possibilidade concreta de ajudar o outro, e por um motivo óbvio: o jornalista é humano.

Na semana passada, o neurocirurgião Sanjay Gupta, correspondente médico da rede americana CNN, foi bastante criticado por examinar um bebê de 15 dias diante das câmeras. Gupta contou aos telespectadores, enquanto andava rapidamente por uma rua de Porto Príncipe, que haviam lhe chamado para ajudar a criança, atingida na cabeça no momento do terremoto de terça-feira (12/1). A mãe morreu, e o pai segurava o bebê com uma expressão confusa, como se ainda não tivesse lhe caído a ficha sobre o que acabara de passar. O médico pega a criança, examina seus movimentos, verifica a possibilidade de alguma fratura no crânio e faz um curativo na ferida da cabeça.

“Certamente há casos em que um jornalista qualificado pode e deve fornecer assistência médica quando a necessidade é imediata e séria”, afirma o professor Bob Steele, do Instituto Poynter. “O problema no caso do doutor Gupta é que ele já fez isso em diversas ocasiões no Iraque e agora no Haiti. Se é imperativo que ele intervenha como médico, que saia de seu papel jornalístico e o faça. Não se pode é colocá-lo para cobrir as mesmas pautas das quais participa. Isso confunde a reportagem jornalística e embaça a lente da observação independente”, defende Steele. Ele também acusou a CNN de fazer marketing com o vídeo, ao exibi-lo diversas vezes na TV e dar destaque a ele na internet. “Francamente, não é uma grande história”, justifica.

Para Gupta, não há um conflito ético em usar seus conhecimentos médicos durante as pautas que cobre. Em 2003, ao acompanhar uma unidade médica da Marinha americana no Iraque, o correspondente realizou cinco cirurgias. Na semana passada, ele escreveu em seu perfil no Twitter que é um repórter, mas, em primeiro lugar, é um médico. “Muitos me perguntaram: é claro que, se preciso, irei ajudar as pessoas com meus conhecimentos de neurocirurgião”, afirmou.

Resgate

No fim da semana passada, outro caso rompeu a neutralidade jornalística. Integrantes de duas equipes de TV australianas deixaram a rivalidade de lado para resgatar um bebê preso nos escombros. A menina estava deitada junto aos corpos dos pais, que morreram no terremoto, quando o cinegrafista Richard Moran, que trabalha para a emissora Nine Network, ouviu seu choro. Moran largou sua câmera e começou a retirar pedaços de concreto do caminho, enquanto o intérprete Deiby Celestino tentava encontrar a criança.

As imagens do resgate foram feitas pela maior concorrente da Nine, a emissora Seven. “Das ruínas, surgiu esta pequena menina, e eu nunca vou esquecer. Ela não chorou. Ela olhava assustada, como se estivesse vendo o mundo pela primeira vez”, contou o repórter Robert Penfold, da Nine. As imagens, que rodaram o mundo, mostram ainda o correspondente da Seven, Mike Amor, segurando a criança e lhe dando água. “Naquele momento, era maior do que o jornalismo”, disse Amor. “Eu não via nada tão extraordinário desde o nascimento de meu próprio filho. A emoção, para todos nós, foi inacreditável.”

O caso do resgate feito pelos australianos é diferente da consulta médica realizada por Sanjay Gupta e talvez se encaixe na classificação de “aceitável” pelos críticos, já que se tratava de uma emergência. Ainda assim, eles poderiam questionar se não havia mais ninguém no local para socorrer a criança, se era realmente necessário que um cinegrafista largasse sua câmera, e mais um milhão de “ses”. Fato é que o manual ético se perde em meio a uma situação extraordinária, e é muito difícil criticar uma decisão como a dos correspondentes envolvidos sem ver a destruição que viram de perto – desprotegidos do filtro da TV – com todos os seus odores nauseantes e sons desesperadores.

Os jornalistas tinham a obrigação, como jornalistas, de resgatar a menina dos escombros? Não. Mas o fizeram, e salvaram uma criança. Sanjay Gupta tinha a obrigação, em seu papel de correspondente, de examinar o recém-nascido e fazer um curativo limpo em sua cabeça? Não. Mas o fez, e um pai, que de outra maneira não teria ajuda médica, respirou aliviado. Esperar que não se viole normas éticas em situações como a do Haiti é acreditar que jornalistas são simples pedras, desprovidos de sentimentos ou emoções. Com informações da AFP [18/1/10] e do Los Angeles Times [14/1/10].