Mais do que satisfeitos…
…pela repercussão do prêmio literário, que hoje é notícia da imprensa local, com destaque, agradecemos a participação de todos e reiteramos o desafio: escrevam, mais e sempre. Até a próxima!
…pela repercussão do prêmio literário, que hoje é notícia da imprensa local, com destaque, agradecemos a participação de todos e reiteramos o desafio: escrevam, mais e sempre. Até a próxima!
“É de amigos e com amigos que se faz literatura. O Prêmio Literário vai continuar. Só não continuará se vocês não escreverem, por isso escrevam muito”, foi assim que Ana Ribas Diefethaeler, coordenadora editorial do 6º Prêmio Joinville de Expressão Literária, abriu a cerimônia de premiação. Durante evento realizado na quinta-feira, 3 de dezembro, no Anfiteatro da Biblioteca de Univille, foram anunciados os seis vencedores, nas duas categorias, e as quatro menções honrosas destinadas a dois textos de cada categoria.
Taiza Mara Rauen Moraes, coordenadora do Proler Joinville e presidente da comissão julgadora do prêmio, explicou que o concurso é um canal de propagação da literatura, que só tende a se reafirmar. “O júri destacou a amplitude de textos, que nesta edição duplicou, e a diversidade estética”, frisou. Para Berenice Rocha Zabbot Garcia, pró-reitora de extensão e assuntos comunitários da Univille, o concurso abre um momento de reflexão sobre a arte e permite que a sociedade se torne mais leitora, crítica e comprometida com a realidade social.
Os dois primeiros lugares de cada categoria confessaram que foram surpreendidos. Ivan Ferraz Lemke levou o primeiro lugar com a poesia “Membrana”, escrita no último dia de inscrição para o concurso. “Procuro ler mais do que escrevo. Já sabia do prêmio, mas deixei para o último dia e a surpresa foi grande, primeiro em saber que fui pré-selecionado e agora pelo primeiro lugar”. Já o primeiro lugar na categoria conto/crônica, Gleber Pieniz, inscreveu três textos e “Troco um Quintana por um café” era a menor aposta. “Sentia potencial nele, mas apostava nos outros dois, que seguem a linha do que estou produzindo agora”, declarou.
Confira a listagem completa de vencedores (todos os textos já estão publicados no Blog):
Categoria Poesia
1º Membrana – Ivan Ferraz Lemke
2º Interrogação – Melanie Peter
3º Prece – Jefferson Kielwagen
Menção Honrosa Poesia
Era inescapável – Melanie Peter
A utopia dos caramujos – Cláudio Vittória
Categoria Conto/Crônica
1º Troco um Quintana por um café – Gleber Pieniz
2º Noite a fora (o contrário de noite a dentro) – Denise Aidar Warnecke
3º Quente e Suave – Fernanda Lange
Menção Honrosa Conto/Crônica
O homem que queria ser quinta-feira – Philipe Hugo Fransozi
Saidinha – Joyce Jacqueline Diehl
?
Melanie Peter
Nesse ponto.
,
a vírgula pisca invadindo a área entre o verde e o violeta
Movimentos
* * * *
* * *
* * * *
No espectro
Alteram a respiração.
:
Parado diante dos dois pontos da frase,
O verniz
corrói
! x !
Ou desgasta
A madeira que tenta libertar-se do concreto do mundo
….
O vaso foge
Em direção à lama
? + ?
Terras;
Imersas em seu magenta.
Somente imagens
fugidas de sentido
aparecem -
-
-
-
-
-
-
-
- desaparecem?
Agora !
*
Nada!
Ou vinte e cinco números imprecisos dançando o tango da angústia
O sem sentido,
sem teto
:
Louco
:
Dardo
:
Extinto
E impulsionado pela dança das coisas borboleteando em matéria líquida
Águas
retidas em panos podres
Nudez
=
Húmus,
=
Dejetos
#
Ou restos de coisas que acontecem paradas ?
O silêncio afivelado
Esquadrinhado de existências.
Nas bocas,
Descalças,
Movimentos seculares mantém-se fixos sobre algo.
Apenas
Deslocamento
Imperceptível ao olho virgem
No fim …
No fundo…
Somente mentiras entupindo os meus vocábulos.
Saidinha
Joyce Jacqueline Diehl
Ela correu a semana toda. Detalhes. Vestido, meia fina , lingerie nova. Sandália que não doa no pé. Quer dançar.
Depilou-se. Fez o pé. Fez a mão. Luzes no cabelo. Hidratou. Tratou. Cortou. Limpeza de pele, sobrancelhas. Massagem. Drenagem. Culpa.
Buscou as crianças, deu banho, janta. Leu. Pôs para dormir. Guardou as compras. Cerveja na geladeira.
Ele chega. Entrega a pasta. Beija. Janta. TV. Banho, cama, dorme.
Ela apaga a TV. Apaga a luz. Revê seus passos. Engraxou o sapato dele. Pendurou o paletó, passou a camisa, separou a gravata, meia, sapato. Ajeitou as mochilas, pijamas e trocas. Deita. Não consegue dormir. Preocupação. Ansiedade. Insônia. Ele ronca.
É hoje. Levanta cedo. Ajeita a sala. Faz café. Apronta as mamadeiras. Põe a mesa. Chama. Arruma. Serve. Arruma. Limpa. Ajeita. Sai. Passeia. Brinca. Volta. Faz almoço, serve, limpa. As crias na TV.
Ele chega do clube, “morto”. Banho. Come. Dorme no sofá.
Ela leva as crianças na mãe. Senta. Toma chá. Prova o bolo. Conversa. Escuta. Despede-se. Choro do menor. Sai. Culpa.
Entra. Ele no sofá. Jogo.
- Amor, traz uma pra mim!
Pega, entrega, beija. Ele se ajeita, liga a TV e assiste. Vai começar.
Ela sobe. Banho, óleo, xampu, creme, gilete. Penteia, seca, secador, chapinha. Dente. Hidratante. Base. Pó.Cílios. Lápis. Sombra.
Ele berra “juiz ladrão”!
Ela se veste. Calcinha, sutiã, meia, vestido. Empina, puxa, arruma, estica. Veste. Olha. Critica. Troca. Sandália. Brinco, anéis, pulseira. Bolsa. Celular, documentos, espelhinho, maquiagem. Lencinho.
Liga para a vó. Primeiro um, depois o outro. Choro. Culpa. Vai dar tudo certo.
Ele apaga a TV. Larga a cerveja na sala, tênis no chão, meia suja.
Sobe. Nu, roupa no canto. Banho. Toalha na cama. Barba. Loção. Pente no cabelo.
Ela entrega a roupa. Ele veste. Meia, sapato. Ela arruma a gravata. Pronto. Sofá.
Ela retoca, revê. Olha. Analisa. Critica. Tira, escolhe, troca, veste. Puxa, arruma, estica. Espelho, perfil, frente. Penteia. Ajeita. Perfume. Admira. Aprova. Deu.
Ele berra que vão se atrasar. Ela desce. Ele vê, mas não olha.
Carro. Ela no celular com as crianças. Ele manda beijo. Eles choram, ela promete: pega cedo.
Festa. Sorrisos. Cumprimentos, beijinhos, tapinhas nas costas. Mais sorrisos. Ele com eles, ela com elas. Ele não dança, ela sentada. Olha. Ele fala, ela escuta. Ele bebe, ela dirige.
Casa, cama, rapidinha. Ele dorme. Ela levanta. Junta as roupas, arruma o banheiro, ajeita o quarto. Limpa a cara, toma banho, creme, camisola. Cama. Tenta dormir. Vira, volta. Travesseiro na cara. Ele ronca.
Amanhã recomeça tudo, pensa. Foi só uma saidinha.
Membrana
Ivan Ferraz Lemke
Minha tarde é um cachorro na sombra
E olhos molhados pelo asfalto onduloso
É uma montanha levantando o braço
Poeira alcançando o branco, cor-camaleão.
De flores cultivadas
Em meus vasos sanguíneos
Vem meu sopro de vida
Que se debanda no ocaso
Bebido com o vento pelas franjas últimas do sol
Sobretudo, o andar é entre pedras e restos maiores
Donde o lábio não regressa, senão, por secura
E a íris, por cegueira.
Donde a voz é tão-somente lastro
E existir: vã guarda.
Os apertos de mão são por entre muros
E mostrar os dentes não significa sorriso.
Das hemorragias restou-me apenas o sangue venenoso
Mas a pele evita que as moscas alcancem meu podre.