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 15dez 

Coração de tricolor

 

Texto: Ana Ribas Diefenthaeler

Fonte: A Notícia

Há tempos não pisava em um estádio de futebol. Apenas visitei a nova Arena do Grêmio, no final de 2014, de passagem por Porto Alegre. Mas há muitos anos não via um jogo. Até o final de semana passado, quando fui à Arena Joinville com minha filha Letícia e meu neto Lucas, ver meus dois tricolores em campo. Chovia muito e comprei ingresso para as cadeiras, junto à turminha joinvilense. Na linda torcida do Grêmio, a galera de sempre, a animação de sempre, a paixão de sempre – e eu me pergunto se aquelas pessoas, vindas de várias cidades do Rio Grande do Sul, não fazem outra coisa na vida.

Começa o jogo e logo aos cinco minutos o Grêmio marca o primeiro gol. Evoco meu torcedor-símbolo do tricolor gaúcho, meu pai, para ficar feliz, mas nem assim consigo comemorar. Com time reserva, o JEC não fez feio diante do terceiro colocado no campeonato – aliás, só fui ao jogo porque já não faria muita diferença na tabela. Do contrário, ficaria em casa, tentando esquecer que haveria aquele encontro.

A meu lado, Lucas, de nove anos, que joga futebol na escolinha do Grêmio, dava conselhos para o técnico Roger:

– Avança o Galhardo na cobrança do tiro de meta, puxa vida! – reclamava o meu loirinho, com ares de reprovação a um Grêmio bem meia-boca, tentando trocar passes, tocar a bola, em um campo encharcado. Mas, mesmo sendo gremista desde o útero, como diz minha filha, meu netinho é também torcedor do JEC. Ficou muito, mas muito triste mesmo com a queda para a segunda divisão – não se conforma até hoje com o pífio desempenho do time, que jamais deixou a zona de rebaixamento e, na maior parte do tempo, ocupou o lugar com que terminou o campeonato, a lanterna.

Com o coração dividido, vi o Grêmio ganhar de 2 a 0, meu neto sair decepcionado pela vitória do Atlético Mineiro– o que inviabilizou a vice-liderança para os gaúchos –, mas feliz que o São Paulo impediu o Inter de chegar ao G4. Comi uma pipoca salgada e fria e senti falta dos tempos em que ir ao futebol era uma aventura imensa, que começava a trezentos e tantos quilômetros do sempre querido Estádio Olímpico.

Gostei muito de estar na Arena – me senti segura, tranquila, vi um monte de crianças e famílias inteiras enfrentando a chuvarada pelo amor àquelas três cores, símbolos de uma cidade que vai seguir apoiando um time que tem, sim, todas as chances de voltar à elite do futebol. Vamos, JEC!

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