Do outro lado do balcão
*Artigo escrito por Guilherme Diefenthaeler. Publicado em 26 de maio no Jornal A Notícia.
Estruturas montadas com o propósito de aproximar instituições que “são notícia” – como empresas, ONGs e órgãos públicos – da mídia, conscientizando-as da importância de se estabelecer aí uma via de duas mãos, as chamadas assessorias de imprensa nem sempre dizem a que vieram. Ao menos na visão dos profissionais que atuam em veículos, e estão no alvo desse trabalho, só “às vezes” as assessorias colaboram com o processo de apuração jornalística, viabilizam as entrevistas solicitadas e dominam os assuntos em pauta, além de comumente enviar informações desnecessárias e tentar “vender o peixe” do assessorado a qualquer preço. O retrato, apresentado em pesquisa do professor Aldo Antonio Schmitz, no competente estudo sobre “Fontes de Notícias” para o mestrado em jornalismo da UFSC, sugere, entre outros aspectos, o distanciamento de muitas assessorias de imprensa do real objeto de seus clientes. Várias delas fazem uma divulgação superficial e sem foco – sintoma frequente do desconhecimento da realidade mais ampla das organizações abordadas.
Na tentativa de suprir essa lacuna, sensibilizadas por agências, algumas empresas abrem portas e janelas para o mergulho dos assessores, em processos de integração que vão permitir, adiante, uma precisão maior das atividades de difusão jornalística. Para tanto, “conhecer” o cliente por dentro é fundamental, e tal esforço já pode ser visto como tendência, que no futuro irá resultar em uma melhor avaliação dos assessores pelos colegas de veículo.
Em alguns momentos, o assessor experimenta a rica oportunidade de sentir isso na pele, saltando para o outro lado do balcão e, sem querer, colocando-se na posição de cliente do seu próprio cliente. Foi o que ocorreu comigo há três semanas, quando me internei no Hospital Dona Helena para uma cirurgia de extração da vesícula. Deitado na cama e na maca, pela primeira vez, pude enxergar o Dona Helena de uma nova perspectiva – no caso, horizontal – e me sentir, de fato, como um paciente comum. A experiência veio a fortalecer ainda mais o meu conceito sobre o hospital, no que diz respeito à qualificação de suas equipes e instalações. E irá, sem dúvida, aprimorar o serviço que presto na assessoria.
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