E Lucas Chorou
Texto: Ana Ribas Diefenthaeler
Fonte: A Notícia
Praticamente tudo já foi escrito sobre a tragédia brasileira do 8 de julho. Todas as piadas foram feitas, todas as críticas – Felipão assumiu a culpa pelo desastre que nos constrangeu terrivelmente diante do mundo inteiro. O país do futebol, a Copa das Copas, a cara da alegria e da descontração, tudo mergulhou no cinza da vergonha absoluta. Em seis minutos, nós, brasileiros, fomos do céu ao inferno, catapultados pela nossa fé inabalável nos milagres da bola, a tal brazuca, por mais distorcida e sem graça que estivesse, e mergulhados na vala comum de inapelável derrota para o disciplinado e, por que não reconhecer, belo futebol alemão.
As explicações foram muitas e as mais diversas. As ruas e os espaços públicos antes utilizados para as comemorações se transformaram em verdadeiros muros de lamentações, com bandeiras brasileiras e camisas da seleção sendo queimadas. Santa bobagem, Batman – diria nosso conhecido amiguinho Robin, que, claro, não é o ainda grande atacante holandês.
Nas nossas casas e espaços de trabalho, o tempo da Copa foi muito bacana – de interação, alegria e convivência entre amigos e familiares. Um rico tempo de compartilhar. Mas também tivemos as inundações em toda a região Sul, que nos mobilizaram a ajudar nossos irmãos atingidos pelas águas… Foi, portanto, um período intenso de solidariedades muitas. E é esse o espírito que precisa seguir nos inspirando, sempre.
Mas nada disso evitou a tristeza daquela inesquecível e fria tarde de terça-feira. No terceiro gol da Alemanha, meu netinho Lucas, de sete anos, desabou em um choro incontrolável. Não se conformava com a incrível apatia da equipe canarinho. – Por que não fizeram falta? Pênaltis, que fossem… Ficaram todos ali olhando os alemães fazendo gol… – lamentava meu loirinho lindo.
Depois, mais calmo e consolado, argumentava que, além de Felipão ter armado o time de forma errada – entrando com Bernard e deixando o meio campo a descoberto –, o time inteiro parecia ter tomado “chá de Fred”: não se mexia mais. Sim, entende muito de futebol este meu gurizinho… Por isso, ficou tão indignado:
– Vó, eu sabia que não tínhamos time para enfrentar a Alemanha, a Holanda, nem mesmo a Argentina… O futebol brasileiro precisa evoluir muito, taticamente. Só que somos pentacampeões do mundo – eles não tinham o direito de nos impor tamanha humilhação. Não tinham, não!”. Concordo com Lucas. 7 a 1 é placar de futebol de várzea. Cá entre nós… Surreal. Um tempo, ainda, de perplexidade.
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