Empresa e projeto de vida
Guilherme Diefenthaeler, jornalista e professor, diretor da Mercado de Comunicação, guilherme@mercadodecomunicacao.com.br
Talento, convicção, foco, persistência. São traços vitais para o êxito de pequenos negócios no Brasil. Embora representem pouco mais de metade dos empregos do setor privado, em âmbito nacional, as MPEs enfrentam incontáveis barreiras que desestimulam até empreendedores vocacionados – da burocracia desmedida à avalanche de tributos ou à dificuldade recorrente de acesso ao crédito –, em um quadro que se agrava nestes tempos bicudos de crise econômica. Se o empresário novato não for competente, não acreditar piamente na sua proposta, não tiver alvo bem definido, ou lhe faltar determinação, será a crônica da morte anunciada: segundo o IBGE, dos 694 mil CNPJs abertos em 2009, apenas 47,5% estavam funcionando quatro anos depois, em 2013. Nas contas do Sebrae, uma a cada quatro recém-nascidas fecha as portas no prazo de dois anos.
Consta que esses números já foram piores, e é óbvio que muitos outros fatores multiplicam os riscos à sobrevivência de um negócio além dos já citados. Planejamento inconsistente e falta de gestão são dois exemplos. Por tudo isso, quem ultrapassa tantos obstáculos sem se deixar abater tem motivos para se orgulhar – e dificilmente vai ser abalado por temporais passageiros no futuro. Seja em que ramo for, vender lanches em um food-truck ou ofertar serviços de comunicação, erguer uma empresa é, cada vez mais, um verdadeiro projeto de vida, que envolve outras vidas (de clientes, de funcionários, de parceiros etc.) em um círculo virtuoso, e só dá certo se representar, de fato, uma escolha pessoal que não se restrinja à expectativa de “ganhar dinheiro”.
Na área da comunicação corporativa, gradativamente, profissionais qualificados enveredam pelo empreendedorismo para se estabelecer, derrubando preconceitos que, no passado, estigmatizavam a atividade, especialmente dentre jornalistas. Nessa esteira, surgem agências e consultorias com perfis variados, sempre apostando na premissa de que tais profissionais desempenham, sim, papel estratégico insubstituível em uma sociedade marcada pelo caminho sem volta da comunicação transparente. Vai por aí a linha que orienta a modesta Mercado de Comunicação: em agosto, essa pequena e operosa agência completa 20 anos de atividades com persistência, foco, convicção – e alguma teimosia.
Comentários (0)
Os comentários estão fechados.