Menu

Blog

 16jan 

Engenheiro ambiental defende incentivos fiscais para obras que vão além da legislação

 

Mecanismos poderiam incentivar o mercado a desenvolver tecnologia ecologicamente correta, afirma diretor comercial da consultoria Ambient

 

Sustentabilidade é palavra de ordem na construção civil, e um desafio recorrente. É o que afirma o engenheiro ambiental Rafael Cristiano Wolter, diretor comercial e institucional da Ambient Engenharia e Consultoria, de Joinville. Com quase vinte anos de mercado, a Ambient tem como premissa o desenvolvimento urbano em equilíbrio com o meio ambiente. O Grupo Plaenge, que atua em Santa Catarina com as marcas Plaenge e Vanguard, é um dos clientes da consultoria. Nesta entrevista, Rafael aborda os caminhos para garantir a eficiência nos processos de construção, com relação aos impactos no meio ambiente, desde os primeiros esboços de um projeto de engenharia ambiental.

****************************

É possível conciliar a preocupação ambiental com a construção civil?

A construção é um setor que consome inúmeros recursos naturais, e um dos seus desafios é reduzir o volume de entulho e resíduos gerados. Nesse cenário, sustentabilidade e eficiência são fatores importantes em cada obra. As construtoras já adotam soluções integradas, ferramentas modernas e apropriadas desde a fase inicial da escolha dos imóveis, com a participação simultânea das engenharias envolvidas nos estudos de viabilidade e em todas as fases de aprovação e obtenção das licenças, e posteriormente, também na execução do empreendimento.

Diferencial relevante no mercado, a sustentabilidade é ponto fundamental para obras de construção por garantir maior qualidade, organização e aproveitamento. Dessa forma, toda a cidade ganha com o empreendimento. Os projetos que se preocupam não só com o canteiro de obras, mas com todas as fases de construção, da qualidade de vida dos vizinhos à eficiência e durabilidade do empreendimento, são as que conquistam maior aceitação da comunidade e maior valorização.

Como avalia a legislação ambiental nesta área?

A legislação ambiental visa mitigar, por meio de controles e parâmetros, os impactos gerados pela atividade. Contempla todos os requisitos necessários para se ter uma obra e um empreendimento de forma sustentável, porém, o país ainda carece de políticas e incentivos fiscais para os empreendedores que buscam ir além das exigências básicas do licenciamento ambiental. Poderia haver um incentivo especial para empreendimentos ainda mais sustentáveis e projetos mais eficientes, incentivando o empreendedor e o mercado a desenvolver cada vez mais tecnologia ecologicamente correta.

Um aspecto relevante, em construções, é a correta gestão de resíduos. Como lidar com isso de forma adequada?

Essa é uma das ações importantes de uma obra, e talvez seja uma das que mais chamam atenção pelo volume.  Diariamente, são geradas mais de 120 mil toneladas de resíduo de construção civil por dia no país. Em média, a cada 100 metros quadrados de obras construídas, geram-se 10 metros cúbicos de resíduos diversos, como restos de concreto, argamassas, resto de pisos e outros materiais descartados.  A primeira maneira de lidar com os resíduos é não gerá-los: com um canteiro de obra organizado, setorizado e limpo, o desperdício de materiais é significativamente menor.

A gestão de resíduos adequada é fundamental para a eficiência da obra, aproveitamento do material, local adequado para cada resíduo (segregação e separação já durante a obra, de acordo com as legislações locais). Isso gera economia tanto nos materiais a ser aproveitados quanto na destinação, coleta, transporte e destinação final dos materiais para os centros de triagem e destinação final de materiais de construção civil, quando não é possível o seu aproveitamento interno.

O que a sociedade ganha quando a empresa segue rigorosamente as preocupações ambientais ao planejar a construção de um empreendimento?

Além da cidade ganhar empreendimentos de melhor qualidade, valorização imobiliária dos espaços ocupados com obras que se preocupam com o bem-estar das pessoas e de todo o entorno, o maior benefício é e a sustentabilidade a melhoria da qualidade de vida da população. Em uma obra sustentável, o ganho não é apenas na questão ambiental, mas também econômico e social, visto que as obras geram empregos, renda e novos tributos para os cofres públicos, que serão revertidos em melhorias públicas no bairro e no município.

Qual é o ponto de partida em um projeto de engenharia ambiental para a edificação de construções?

O cuidado com o planejamento, para se evitar imprevistos que causem gastos desnecessários. Ao analisar as etapas e os aspectos envolvidos em um determinado empreendimento, o papel principal da Engenharia Ambiental é participar de forma integrada com o projeto, identificando os impactos durante todas as fases de um empreendimento, proporcionando medidas para minimizar e ou compensar os efeitos desses impactos.

Enquanto as outras engenharias estão focadas em projetar e construir, a Engenharia Ambiental está alinhada às etapas de forma integrada, identificando atividades que possam beneficiar o meio ambiente, ao ponto de contribuir em ações durante todas as fases de um empreendimento.

A ideia é criar ações, evitando ou compensando aqueles impactos que não se possa evitar. Lembrando sempre que o ser humano também entra na conta desta avaliação, pois também fazemos parte do meio natural. A engenharia leva em consideração todo o conjunto, buscando uma melhor qualidade de vida tanto para a população quanto para o meio em que o empreendimento pretende ser inserido. Na prática, é o que chamamos ou o que conhecemos como Desenvolvimento Sustentável.

O que distingue um projeto consistente de engenharia ambiental?

Os projetos consistentes são aqueles que verificam antecipadamente os impactos de um empreendimento e estabelecem ações que minimizem suas consequências, evitando desperdícios de materiais e de matérias-primas e o descarte inadequado de resíduos.

São projetos que sempre buscam o reaproveitamento de materiais, sendo eles recicláveis e mais ecológicos, a organização do canteiro de obras e acessos para a chegada de materiais durante a fase de construção do empreendimento, evitando conflitos com o trânsito e vizinhos, realização periódica de monitoramentos ambientais para constatar que os serviços estão dentro dos controles estipulados nos planos de gestão estabelecidos pela legislação local ou pelas exigências dos órgãos ambientais descrito nas condicionante das licenças ambientais.

Os projetos eficientes precisam contemplar ações que, de fato, contribuam para um benefício coletivo, utilizem ferramentas e softwares modernos, incluam nos  programas atividades que visem ao bem-estar e à saúde dos colaboradores e que  minimizem impactos com a vizinhança.

Como vê os avanços na gestão deste tema em grandes empresas de construção, como a Plaenge?

A Plaenge busca, em seus projetos, algo diferenciado, moderno e arrojado, para um público exigente. Tudo começa na realização de estudos de viabilidade prévios das áreas, regiões ou imóveis destinados as edificações.  Com esse primeiro diferencial já se tem áreas adequadas a comportar e permitir projetos do porte da Plaenge. Depois vem outro diferencial, a realização de um estudo ambiental de qualidade, a fim de verificar todos os aspectos, possíveis impactos e ações mitigadoras, durante as fases de obtenção das licenças ambientais prévia, de instalação e depois de operação do empreendimento. Em seguida são verificados os projetos de infraestruturas, como acessos, terraplenagem, projetos de contenção, sondagens, drenagens todos compatibilizados e alinhados com as questões  ambientais anteriormente levantadas  nos  estudos prévios de viabilidade

Na sequência, quando necessário, é realizado o Estudo de impacto de Vizinhança (EIV), propondo medidas que minimizem também os possíveis impactos para o entorno. Nesta fase já também são realizados os planos e programas ambientais de acordo com cada etapa e porte do empreendimento.

E para finalizar conjuntamente e em conformidade com todas as questões já mencionadas são utilizados por projetistas e profissionais, ferramentas e softwares modernos, modelos tridimensionais, para desenvolver os projetos civis do empreendimento e os complementares: elétrico, estrutural, hidrossanitário, preventivo de incêndio comunicação e rede etc.

Comentários (0)

Os comentários estão fechados.