Escolho o amor
Texto: Ana Ribas Diefenthaeler
Fonte: A Notícia
A existência é um tempo e um espaço que nos são oferecidos e dela podemos fazer o que quisermos. A frase, pinçada de uma tradução de um texto do espanhol que fiz, recentemente, para um amigo, diz, em suas mágicas entrelinhas, que somos total, completa e irremediavelmente responsáveis por todos os nossos atos – sejam eles ações concretas ou pensamentos, projetos e ideais.
E então espocam em todas as mídias os comentários sobre o lindo, bem-feito, de excelente gosto e irretocável estética, comercial de um brasileiríssimo fabricante de perfumes e cosméticos para o Dia dos Namorados. Nem gosto de tocar em temas polêmicos, meu tempo de arauto da justiça já passou. Mas trago aqui esta questão, porque me parece bem emblemática e ilustra tristemente o tempo sombrio que enxergo do lado de fora de minha janela.
Como sociedade, em geral, já fomos mais democráticos, já fomos mais justos e, sobretudo, já fomos muito mais generosos. E então leio comentários inacreditáveis de pessoas que sempre reputei como inteligentes e lúcidas com propostas as mais esquizofrênicas sobre o tema da homossexualidade. Não participo de nenhuma ONG, de nenhum partido político, de nenhuma organização em defesa ou contra qualquer coisa. Não tenho, portanto, procuração de ninguém para defender ou atacar.
Mas defendo, serena e tranquilamente, o direito às escolhas pessoais, às opções de vida de cada cidadão deste planetinha ainda tão desequilibrado. Sobretudo, o direito pleno ao amor, em todas as suas formas e projeções. Para o amor nascemos. Pelo amor respiramos e experimentamos os aromas e sabores do existir. Como também pelo amor somos aliviados e confortados das dores e mágoas que vão, por vezes, tentando descolorir nosso caminho.
E se somos completamente responsáveis por tudo que fizermos da dádiva da existência, como dizia o texto que li, em algum vão de nós deverão aflorar as sementes que cultivamos. E elas poderão nos levar ao paraíso, pleno de amor, beleza e arco-íris. Ou às trevas das malas e faias.
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