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 08dez 

Existe espaço para o jornalismo na empresa?

 

[Aos poucos, vou compartilhando uns pedaços do texto - ainda em gestação - da monografia de pós-graduação que apresentarei em janeiro, intitulada "Jornalismo Emrpesarial: Isso é Possível?". Espero que seja útil. Guilherme]

Há pelo menos quatro décadas crescendo e se multiplicando entre as corporações brasileiras, de maneira efetiva, o jornalismo empresarial é uma atividade consolidada – seja no meio acadêmico, seja em milhares de firmas de todos os portes que investem na manutenção de canais informativos voltados ao relacionamento público, dos quais o jornal desponta, até hoje, como o principal. Em paralelo, a comunicação corporativa ganha complexidade e amplitude, não mais podendo se restringir à distribuição (irregular) do velho “jornalzinho”, que antigamente costumava ser a única iniciativa de inúmeras organizações nessa área.

O jornal, impresso ou sustentado em outros suportes tecnológicos, como a internet, faz parte de uma teia de práticas de comunicação interdependentes, que se fortalece pela ação conjunta, como um sistema, e caracterizada pela convergência de profissionais com diferentes origens: jornalistas, relações públicas, publicitários e marqueteiros, ao lado de colegas formados em Recursos Humanos, Economia ou Administração, para ficar só em algumas categorias desse universo multidisciplinar. Nem por isso, nem por dividir espaço com tantas possibilidades à disposição da empresa que deseja se comunicar melhor, o jornal de empresa perdeu relevância ou se tornou ultrapassado. Pelo contrário: a emissão periódica de informações em formato jornalístico continua sendo a solução mais eficaz para o registro das chamadas notícias empresariais, especialmente por conta da credibilidade inerente ao modelo (“saiu no jornal, acredita-se que seja verdade”).

A elaboração dessas publicações deixou de ser vista como acessória, ao ponto de se poder delegá-la a empregados com baixa qualificação que tivessem “jeitinho para escrever” – “solução” comum nos anos 60 e parte dos 70. Produzir um jornal de empresa é uma operação que envolve profissionais experientes, requer habilidades de apuração, redação e edição semelhantes às que caracterizam os veículos da mídia tradicional, movimenta orçamentos significativos e, talvez como expressão de tudo isso, assume caráter estratégico nas políticas de comunicação organizacional.          

Esse avanço se coaduna com a própria modernização da gestão corporativa. As empresas que se pretendem competitivas, em uma sociedade já saudavelmente habituada à democracia, estimulam a participação e a consciência crítica do funcionário, que não é mais visto como mero apertador de parafusos. Existe aí, em tese, um círculo virtuoso. Ou, quem sabe, uma boa pergunta para reflexão: se as organizações reconhecem a necessidade de contar com pessoas plenas em suas equipes de trabalho, e se o jornalismo empresarial está sintonizado com tal esforço, então as pautas, os temas, o ângulo de abordagem empregado, as fontes recorrentes nas reportagens, esse conjunto de fatores que constituem a rotina de um jornal, no caso das publicações internas, cumprem o papel de, igualmente, “despertar” o trabalhador por meio da informação correta e transparente? Ou será que as mídias corporativas ainda pintam o mundo de cor-de-rosa, evitando a abordagem de assuntos controversos (crise, queda nas vendas, desemprego etc.)?

Comentários (1)

  1. Felipe da Costa disse:

    Guilherme,
    Farei minha monografia de graduação no semestre que vem e também irei falar sobre jornalismo empresarial. Poderias me encaminhar a sua monografia quando estiver pronta?

    Felipe